O ESPETÁCULO

CLARICE MATOU OS PEIXES

A ideia central da Cia. do Abração é proporcionar aos pequenos e grandes uma reflexão sobre a vida, a importância das relações afetivas e o aprendizado que as perdas destes afetos, durante nossa existência nos trazem. A inspiração para tratar este tema veio da obra “A Mulher que Matou os Peixes”, conto escrito para crianças pela grande escritora Clarice Lispector.

Os personagens Clarão, Clarito e Esclarecida, três divertidos “clowns”, relacionam entre si quem seria o culpado pela morte dos peixinhos. Na trajetória da trama, para defenderem-se da acusação, recontam a ligação afetiva que cada personagem teve com os seus animais de estimação. A peça Clarice Matou os Peixes, levanta a questão da relação com os bichos de estimação e o grande tabu entre os espetáculos direcionados a crianças: como lidar com o sentimento da perda e com a morte.

O cenário e objetos de cena são manipulados durante o espetáculo pelos atores, que os modificam, ressignificando os mesmos e desta forma, multiplicando a possibilidade de interpretação, através dos mesmos elementos de cena.

A Cia do Abração, sempre fundamentada nos princípios sócio-construtivistas que norteiam seu trabalho, propõe um espetáculo sob as técnicas da contação de histórias, abstração e manipulação de objetos e teatro de sombras, trazendo uma linguagem poética simples e inventiva.

Através da pedagogia do amor, que encontra suas bases no processo Montessoriano, a poesia está acompanhada da abstração e manipulação de objetos do cotidiano, método que o grupo encontrou para traduzir o amor e conduzir o espectador ao universo lúdico da criança.

A ideia de trabalhar com manipulação de objetos surge da observação da criança que naturalmente se utiliza destes para criar o seu próprio imaginário, o seu lúdico “Faz-de-Conta”. Um dos focos da montagem é valorizar o micro elemento cênico, evidenciando também o macro. Cada um, em seu momento particular, acaba assumindo um significado especial no conjunto.

O processo de criação das várias dramaturgias se deu através da criação coletiva do grupo, fazendo do período de ensaio um verdadeiro laboratório de experimentação de objetos e intenções. Este processo traz como resultado final um texto inovador e original, onde coreografia, música e cenários se mesclam e se fundem em uma única obra.

É a nossa forma de irmos contando estórias para que elas nunca se acabem, cumprindo com o nosso papel, enquanto cidadãos, para a democratização da arte e da cultura, promovendo a sua acessibilidade.

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